quinta-feira, 18 de março de 2010

De Obsessões

Houve uma vez que sonhei com ela, que lhe pagava na mão elegante adornada de anéis cujo valor estou longe de imaginar, sorriu-me e falou-me. Embora fosse num sonho juro que senti o meu coração a ficar quente, muito quente e a arder no meu peito, não sei se é isto que se sente quando estamos obcecados com algo, mas também agora não vem ao caso.

Acordei e ao lembrar-me do sonho e da maneira como ela me sorriu senti que o meu estômago havia sido invadido por borboletas irrequietas, e senti de novo o meu peito a queimar. Resta saber se é da obsessão, ou se estou doente.

Não sei porquê, fiquei obcecada por ela, dei por mim a ficar paranóica pelo que ela achava de mim, do que eu fazia ou dizia e esforçava-me ao máximo para lhe causar uma boa impressão.

Adoro a forma como ri, e como surgem rugas de expressão no canto dos seus lábios que eu acho divinas, os lábios a abrirem-se num sorriso escancarado, que tem tanto de belo quanto de desconcertante.

Dou por mim a admirar, quase sem me aperceber, os seus jeitos, a sua voz que me arrepia, o seu olhar dilacerador com uma ponta de enigma e a tremer de cada vez que ela me dirigia a palavra. Cada vez que elogiava sentia-me invadida por um felicidade e realização quase exageradas.

Ela não sabe nem sonha. Ninguém sabe ou imagina. Mas eu estou obcecada por ela, e pelo seu perfume inebriante que me leva para outra dimensão cada vez que passa por mim.

E desengane-se o leitor se pensa que me enganei no género do objecto da minha obsessão desengane-se, a minha obsessão trata-se realmente de uma mulher de quase cinquenta anos.

E desengane-se quem pense que sou lésbica ou tenho uma orientação sexual ainda indefinida, mas não, sou heterossexual e segura da minha sexualidade.

Patrícia Guerreiro

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